Transformação Interna – Governança
By Filipa Pimentel 10th October 2023
Eu devia ‘era’ sair destas redes sociais! – digo eu, tantas vezes, de manhã, quando me sento à frente do ecrã. Ainda que me sirvam como instrumento de trabalho e de conexão pessoal, tenho este hábito de me virar contra as redes sociais quando me sinto pouco inspirada, ou quando sinto o meu espaço mental encolhido.
Hoje, não foi isso que aconteceu. Eu, que passo grande parte do tempo a sentir-me inspirada por visões de futuros possíveis, tenho dificuldade em manter lembranças de momentos importantes classificadas por data, numa cadência rigorosa que me traga acesso à consciência da minha própria história (e da história de outras pessoas, importantes para mim). Esta manhã, foi uma destas redes que me devolveu à memória imagens publicadas exatamente há um ano – dia 2 de Outubro 2022: um conjunto de fotografias com imagens várias de sorrisos e de emoção profunda, todas elas sob um pano de fundo em tons de verde intenso, e de montanhas tão altas que o céu quase ficou sem representação.
Convergências
Às vezes acontece-me viver determinados eventos como ‘convergências’ – como se aquele lugar e momento fosse o ponto onde naturalmente certos processos desembocam, ciclos se fecham e outros se abrem, onde pessoas com um propósito comum se encontram ou reencontram – num ritual cheio de significado e de emoções partilhadas, criando um marco no tempo. Este foi um destes eventos – a primeira Assembleia Geral da Université du Nous (UdN), nas montanhas de Belledonne na Savóia, França, no Domaine d’Avallon.
A história dos meus processos e dos meus ciclos, neste contexto, começou em 2015. Em 2015 a minha equipa da Transition Network iniciou um processo de reflexão sobre a nossa governança interna, questionando os nossos padrões de comportamento, conscientes ou inconscientes, em relação ao ‘poder’. No contexto de quem vem culturalmente de um mundo que funciona numa lógica da ”dominação’, se estamos convictos que esta lógica está na raiz da crise sistémica do paradigma em que vivemos, temos uma obrigação moral de olhar para os elementos do sistema mais próximos de nós – nós mesmos!
Em 2018 fizemos a alteração oficial da nossa governança – redesenhámos as nossas estruturas internas e adotámos novos processos de tomada de decisões – com a formação e acompanhamento da Université du Nous – com base num modelo híbrido de Sociocracia e Holacracia, personalizado. Para além de explorar e a adotar a mudança que queremos ajudar a trazer ao mundo, exploramos também como trabalhar de forma mais eficiente e resiliente face a emergência e complexidade, em inteligência colectiva, distribuindo poder, recursos, fazendo-o de forma transparente. Fazemos isso experimentando, inovando, sempre, partilhando o que aprendemos.
“Vivi uma epifania”
A verdade é que vivi uma epifania. Este trabalho foi de tal forma transformador, que me lancei numa jornada de aprendizagem de vários modelos de governança partilhada (UdN, Sociocracy for All, Holacracia, Democracia Profunda) e de dedicação a contribuir a esta exploração em vários papéis, dentro da minha organização e fora.
Dia 2 de Outubro de 2022 foi o último dia da primeira Assembleia Geral da UdN. Eu, como muitas outras pessoas queridas que convergiram para aquelas montanhas, fechando uns ciclos e abrindo outros, tornei-me membro cooperante da UdN e integrei um grupo de trabalho intitulado ‘Escuta do Mundo’. Hoje, vejo estas fotografias e revivo a emoção que sinto por fazer parte de uma comunidade, de estar ligada, estreitamente, a pessoas que acreditam numa mudança societal justa, explorando, colaborando e partilhando o que aprendem, sempre em integridade.
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This post is part of Filipa Pimentel’s regular reflections about life in the Transition Movement. Filipa connects personal experiences and reflections to the wider work the movement is doing in the world. Her roles as Lead Link of Transition Network and many years as Hubs coordinator inform her perspectives and reflections; so does the work Filipa does at local and regional levels in various places. These reflections are published in Filipa’s first language: Portuguese.
A bit more about Filipa:
“I feel that the connection between transitioners is magical: there is this feeling that we belong to the same family, even if we are coming from such different parts of the world, backgrounds, cultures, experiences, languages, contexts. The openness to learn and the capacity to listen actively, the compassion and the creativity are just some of the rare qualities I see around me while working in this field.”
Internal Transformation – Governance
Translated with www.DeepL.com/Translator
I should get off these social networks! – I say so many times in the morning when I sit down in front of the screen. Even though they serve as a tool for work and personal connection, I have this habit of turning to social media when I feel uninspired or when I feel my mental space shrinking.
Today, that’s not what happened. I, who spend much of my time feeling inspired by visions of possible futures, find it difficult to keep memories of important moments categorised by date, in a strict cadence that brings me access to awareness of my own history (and the history of other people who are important to me). This morning, it was one of these networks that brought back to mind images published exactly one year ago – on 2 October 2022: a set of photographs with various images of smiles and deep emotion, all of them against a backdrop of deep green tones and mountains so high that the sky was almost left unrepresented.
Convergences
Sometimes I experience certain events as ‘convergences’ – as if that place and moment were the point where certain processes naturally end, cycles close and others open, where people with a common purpose meet or meet again – in a ritual full of meaning and shared emotions, creating a milestone in time. This was one such event – the first General Assembly of the Université du Nous (UdN), in the mountains of Belledonne in Savoy, France, at the Domaine d’Avallon.
The story of my processes and my cycles in this context began in 2015. In 2015 my Transition Network team began a process of reflection on our internal governance, questioning our patterns of behaviour, conscious or unconscious, in relation to ‘power’. In the context of those of us who come culturally from a world that operates on a logic of ‘domination’, if we are convinced that this logic is at the root of the systemic crisis of the paradigm in which we live, we have a moral obligation to look at the elements of the system closest to us – ourselves!
In 2018 we made the official change to our governance – we redesigned our internal structures and adopted new decision-making processes – with the training and accompaniment of Université du Nous – based on a personalised hybrid model of Sociocracy and Holacracy. As well as exploring and embracing the change we want to help bring to the world, we also explore how to work more efficiently and resiliently in the face of emergence and complexity, in collective intelligence, distributing power, resources and doing so transparently. We do this by experimenting, innovating, always sharing what we have learnt.
“I experienced an epiphany”
The truth is that I experienced an epiphany. This work was so transformative that I embarked on a journey of learning about various models of shared governance (UdN, Sociocracy for All, Holacracy, Deep Democracy) and dedicating myself to contributing to this exploration in various roles, within my organisation and beyond.
2 October 2022 was the last day of the first UdN General Assembly. I, like many other dear people who converged on those mountains, closing some cycles and opening others, became a co-operating member of the UdN and joined a working group called ‘Listening to the World’. Today, I look at these photographs and relive the emotion I feel of being part of a community, of being closely linked to people who believe in fair societal change, exploring, collaborating and sharing what they learn, always in integrity.